Lentamente...

Eu sempre fui muito ativa. Me orgulhava por trabalhar fora o dia todo e, sem problemas, chegava em casa, fazia o almoço, colocava a roupa bater, ligava pra minha mãe pra contar alguma coisa, ficava de olho nas notícias do jornal local, batia um papinho com a vizinha pela janela e ainda agradava o marido.

Voltava para o trabalho e à noite tinha uma super disposição para jogar quiboa no banheiro e ficar esfregando os rejuntes... mas tudo isso acabou... e fico irritada quando dizem que gravidez não é doença e não devo me limitar em fazer as coisas.

Eu sei que não é doença, pelo contrário, é sinal de saúde, mas perdi a esperteza, a ligeireza e às vezes, penso que boa parte do meu cérebro está sendo enviado para esse menino - fiquei lenta até para raciocinar. Já tinha escutado um papinho de que grávida fica meio burrinha - achava uma grande besteira... mas que estou vagarosa, ah! eu tô!

Além do meu andar patinho que não me ajuda em nada, até uma tartaruga com câimbra consegue me ultrapassar. Meu médico me dopou de vitaminas maternas e diariamente, quando as tomo, sinto esse menino fazer alongamentos e treinar umas lutinhas dentro de mim. Grito para o marido vir conversar com ele - porque aí ele se acalma e manera nos contorcionismos.

Acho que ele deve pensar: "Ah! lá vem aquele cara falar comigo, deve ser o meu pai, melhor eu me comportar porque daqui uns dias pulo fora daqui e ele pode querer me pegar!"

Falando em meninos - esses dias marido cortou o dedo e corri (leia-se bem lentamente) acudi-lo com meu super band-aid da barbie.

- Gabi, você tá proibida de colar esses band-aids cor-de-rosa no meu filho! Proibidíssima!

É! Vou ter que me acostumar com esse novo mundo másculo!