E eles se completam...

Eu nunca perco nada – sei onde guardei todas as coisas, tenho muitas listas, cronogramas e relatórios.

Me acho chata com toda essa organização – mas não consigo controlar. É quase um TOC sabe, organizar, organizar e organizar.

Se vejo uma coisinha fora do lugar, tento fingir que não é comigo, que não vai fazer diferença se continuar ali – mas inconscientemente, já a estou recolocando no seu devido lugar.

E não vejo glória nenhuma nisso. Quem é assim sabe – nós sofremos, temos gastrite, dores musculares porque nunca relaxamos, nunquinha.

Mas eu tenho o meu equilíbrio – Jesus foi tão bom comigo. É o marido, ele é o meu oposto, glória a Deus!

Ele desarruma tudo, perde tudo, esquece tudo, bagunça tudo. E eu adoro!!! (agora eu consigo dizer isso).

No começo foi bastante difícil, eu queria engessá-lo, amarrá-lo no pé da mesa, ficava andando atrás dele – catando suas coisas, era um estresse.

Uma vez fomos ao cinema – mas antes passamos na minha mãe fazer uma boquinha (casa da mãe sempre tem comida, é impressionante). Ele assistiu um pouco de TV e fomos para o shopping, lá desligamos os celulares e relaxamos.

Quando o filme terminou – eu liguei o meu telefone e tinha 726 ligações (mais ou menos) da casa dos meus pais.

Eu pensei – Meu Deus, morreu alguém! Retornei correndo e a minha mãe estava um pouco exaltada – Gabriella, cadê o controle remoto da TV?

Eu falei – Uai mãe (meu lado goiano) Eu vou lá saber do controle!

Ela me disse - Aposto que foi o Marcio – ele mexe em tudo, desparafusa tudo – agora não conseguimos mudar os canais (nossa, que dificuldade! – meu pai e ela não são muito bons com botões).

Eu perguntei – amor, você “por um acaso” pegou o controle da TV da minha mãe?

- Não, não - imagina que eu ia fazer isso!

- Tá, mas por desencargo de consciência – dá uma olhadinha na sua bolsa.

Olha só! Não é que estava lá! Que incrível! Ele achou que fosse o seu celular e guardou na bolsa. (pouquíssimo desligado, pouquíssimo).

Eu acalmei minha mãe, disse que ficaria tudo bem e o enchi de beijos, afinal se não fosse ele minha vidinha seria tão sem emoção – tão sem!